Como avalio o desempenho dos meus investimentos?
Time-Weighted Returns (TWR) e Money Weighted Returns (MWR) são dois métodos diferentes para avaliar e comparar investimentos ou projetos. Ambas das abordagens oferecem perspectivas diferentes sobre o desempenho, pois consideram variáveis temporais e financeiras alternadamente. Vejamos as principais diferenças:
Retornos ponderados pelo tempo (TWR):
- Definição: Os retornos ponderados pelo tempo medem a taxa composta de crescimento de uma carteira durante um período específico. Eles eliminam o impacto de depósitos e retiradas, fornecendo uma imagem mais precisa do desempenho do gestor de investimentos.
- Cálculo: Eles são calculados vinculando os retornos dos subperíodos e, em seguida, encontrando a média geométrica desses retornos vinculados. Esse método é benéfico para avaliar o desempenho de um gestor de investimentos sem levar em conta a influência dos fluxos externos. É o retorno «puro» da estratégia.
- Vantagens:
- Elimina o impacto de fluxos externos.
- Útil para avaliar o desempenho de um gestor de carteiras ou estratégia de investimento.
- Limitações:
- Não leva em conta os efeitos do comportamento do investidor ou o momento das entradas e saídas de caixa.
- Ele não reflete o retorno real que um investidor obtém, porque não leva em conta o impacto dos movimentos de caixa.
Retornos ponderados pelo dinheiro (MWR):
- Definição: Os retornos ponderados pelo dinheiro (também conhecidos como Taxa Interna de Retorno ou TIR) representam o momento e o tamanho dos fluxos de caixa que entram e saem de um investimento. Este método tem em conta o impacto dos depósitos ou levantamentos dos investidores nos retornos globais.
- Cálculo: Os retornos ponderados pelo dinheiro são calculados resolvendo para a taxa de desconto que é igual ao valor presente das entradas de caixa com o valor presente das saídas. Esta medida de rentabilidade é mais influenciada pelo momento e magnitude dos fluxos de investimento.
- Vantagens:
- Ele reflete o impacto do tempo e a quantidade de fluxos de caixa, fornecendo uma visão mais personalizada do desempenho real de um investidor.
- Mais relevante para investidores individuais que fazem contribuições ou retiradas regulares.
- Limitações:
- Sensível ao momento e ao tamanho dos fluxos de caixa, o que pode dificultar a avaliação da habilidade de um gestor de investimentos.
- Pode ser influenciado pelo comportamento do investidor, que pode não representar com precisão o desempenho do gestor de investimentos ou o investimento em si.
Vejamos um exemplo:
Temos 2 carteiras de investimentos, Carteira A e Carteira B. Ambas obtêm os mesmos retornos em dois anos consecutivos. Investimos USD 100.000 em ambos os fundos da seguinte forma:
Ano 1: Investimos $100.000 no fundo A
Ano 2: Investimos USD 0 no fundo A
Ano 1: Investimos USD 50.000 no fundo B
Ano 2: Investimos USD 50.000 no fundo B
Portfolios | Retorno ano 1 | Retorno ano 2 | |||||||||||||||
Portfolio A | 20% | 10% | |||||||||||||||
Investimento | 100.000 | 0 | |||||||||||||||
Portfolio B | 20% | 10% | |||||||||||||||
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Como calculamos o retorno ponderado no tempo (TWR) de cada fundo?:
Fundo A:
Ano 1 Retorno x Ano 2 Retorno e descubra a média geométrica deste produto
-1= 14,89%
Fundo B:
Ano 1 Retorno x Ano 2 Retorno e descubra a média geométrica deste produto
-1= 14,89%
Ambas as carteiras têm o mesmo retorno médio anual.
Como calculamos o retorno ponderado pelo dinheiro (MWR) de cada fundo?:
Fundo A:
100.000 x 1,20 x 1,10 = 132.000
132.000/100.000 = = 14,89%
Fundo B:
50.000 x 1,20 x 1,10 + 50.000 x 1,10 = 121.000
Assim: ⟮(taxa de 50.000 x MWR)+ taxa de 50.000⟯ x MWR = 121.000. Ou seja, encontramos a taxa em que cresceram os 50 mil investidos no ano 1, aos quais se somam 50 mil no ano 2 e acabam sendo 121 mil no final do período. Isso pode ser feito facilmente com uma planilha do Excel com a fórmula TIR.
Resolvendo essa equação, obtemos uma MWR= 13,40%
Como podemos ver, o tempo e o valor da aplicação no fundo B fizeram com que o resultado final tivesse um valor menor em relação ao investimento no A. Mesmo tendo investido o mesmo valor, em duas estratégias com retornos iguais, resultou em retornos diferentes. Isso porque na carteira A, o total de 100 mil foram investidos no ano com melhores retornos, enquanto no fundo B foi meio a meio. Assim, o maior «peso» relativo do retorno de 100.000 fez com que o retorno «dinheiro» fosse maior para a carteira A.
Qual das duas medidas devemos utilizar? Um é melhor que o outro?
A resposta para a pergunta 1 é «depende», e a resposta para a pergunta 2 é um sonoro não!
Como explicamos no início, cada forma de medir o retorno tem objetivos diferentes e diferentes interpretações úteis. Se o que procuro é avaliar o comportamento da minha estratégia de investimento em relação ao desempenho do mercado em geral e de outras estratégias de investimento, o mais correto é comparar os TWRs, pois essa medida não será «contaminada» nem pelo tempo nem pela quantidade de quando eu investir.
Se o objetivo é medir o retorno da minha carteira particular avaliando como eu me saí com meus investimentos durante um determinado período com um determinado número e quantidade de depósitos, o MWR me fornecerá a taxa real em que meu dinheiro cresceu tendo investido em anos bons e ruins, em suma, «minha realidade».
Ec. Juan Martín Rodríguez, CFA